Motoristas e cobradores e a concessionária do transporte
coletivo em Ponta Grossa – a Viação Campos Gerais – aceitaram a proposta da
prefeitura municipal e, com isso, terminou a mais longa greve do transporte
coletivo na cidade, ao final de 19 dias de transtornos e diversas
manifestações. Na última madrugada, representantes do sindicato dos motoristas
e cobradores e da empresa concessionária, em audiência no Tribunal Regional do
Trabalho, que foi uma das mais longas, concluída apenas depois da 1h30 da
madrugada, decidiram pelo fim da paralisação do sistema. Com isso, os ônibus
voltam a circular normalmente já a partir das 6h desta quinta-feira.
Embora o sistema esteja em operação, muita coisa mudou desde o início da greve.
A proposta original dos trabalhadores no setor, representados pelo Sintropas,
foi rejeitada pela Viação, assim como a contraproposta da empresa foi rejeitada
pelos trabalhadores. Uma proposta conciliatória, oferecida pela Justiça do
Trabalho, também foi rechaçada por ambas as partes. A solução veio a partir da
oferta do município de, na prática, desonerar parte dos gastos da empresa,
permitindo um percentual maior de reajuste aos motoristas e trabalhadores. A
proposta da prefeitura é o município assumir os gastos com a manutenção dos
quatro terminais de transporte coletivo, com isso cedendo uma margem maior de
negociação às partes em conflito. Depois da intervenção da prefeitura –
representada pelo secretário de Planejamento, João Ney Marçal Júnior, e pelo
presidente da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte, Eduardo Guimarães
Kalinoski – a Viação Campos Gerais aceitou conceder imediatamente 9% de
reajuste salarial, chegando aos 10% assim que for concretizado o subsídio, que
depende ainda da aprovação, pela Câmara Municipal, de uma nova lei autorizando
o Executivo a assumir essas novas despesas.
A audiência foi presidida pela desembargadora Ana Carolina Zaina, que chegou a
suspender a audiência por várias vezes, a última delas por volta de 0h40 desta
quinta-feira, para que as partes pudessem avaliar as propostas e
contra-propostas.
Em dado momento da audiência, ainda no período da tarde, a desembargadora
chegou a propor uma redução de 35% na tarifa, como forma de compensar a
suspensão da oferta do serviço durante a greve, e o retorno imediato de 100% da
frota. Tanto o Sindicato quanto a VCG recusaram a proposta da desembargadora.
Depois que a prefeitura ofereceu, como subsídio, a manutenção dos terminais, a
VCG ofereceu um reajuste imediato de 9% nos salários de motoristas e cobradores
(elevado a 10% assim que o subsídio seja efetivado, ou seja, mediante aprovação
da lei prevendo essa mudança) e ainda um reajuste de 50% no vale-alimentação
(contra os 100% pedidos originalmente pelos grevistas). Houve também a proposta
de concessão de um abono de R$ 250 aos trabalhadores, a ser pago em parcela
única no mês de setembro.
A diferença de 1% será paga retroativamente a 1º de maio de 2014, tão logo haja
o repasse dos subsídios. Quando o acordo foi fechado, ficou determinado também
reajuste de 50% no vale-refeição (tíquete-alimentação), também a ser efetivado
no mês em que foram concedidos os subsídios.
Também ficou acertado que os trabalhadores terão prazo para compensar os dias
parados até 30 de abril de 2015, quando estaria quitada a compensação.
O prefeito Marcelo Rangel anunciou, no início da madrugada, que o final da
greve é bastante significativo: “a intervenção da prefeitura, ficou claro, foi
decisiva para que a greve tivesse uma conclusão”. Ele acompanhou parte da
audiência em Curitiba e, no período da noite, depois de comparecer a
compromissos oficiais em Ponta Grossa, foi sendo informado seguidamente pelos
representantes do município que permaneceram na audiência, na sede do Tribunal
Regional do Trabalho.
Prefeitura quer terminais como pólos de serviço
Ao assumir os terminais de transporte coletivo, a Prefeitura de Ponta Grossa
quer transformá-los em pólos de serviço, ressalvou nesta madrugada o prefeito
Marcelo Rangel. Os terminais, que até agora vinham sendo mantidos pela
concessionária do serviço de transporte coletivo, passarão a ser gerenciados
pela prefeitura. “E, com isso, teremos condições inclusive de oferecer novos
serviços à população”, indica o chefe do Executivo. De acordo com Marcelo, os
terminais poderão ser utilizados como “importantes ferramentas inclusive para
uma melhor comunicação da administração com os usuários do transporte coletivo
e, assim, com toda a coletividade”. O prefeito explica ainda que ao propor que
o município assuma os terminais, ele levou em conta o potencial econômico
desses postos de passagem obrigatória: “dezenas de milhares de pessoas passam,
todos os dias, pelos nossos terminais. Acredito que podemos ter, nesses pontos
de passagem, uma gestão inteligente e produtiva, inclusive de modo a suprir
todos os gastos com a sua manutenção. Com a vantagem adicional de não onerar o
usuário do sistema integrado de transporte”.
Fonte: Assessoria de comunicação da prefeitura de Ponta Grossa