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Estima-se que
30% dos usuários de internet desistem de acessar uma página se o endereço
demora mais de 6 segundos para carregar. Se levar mais tempo, pior: mais gente
vai embora. Há muita gente de olho nesse problema.
O Google anunciou na última quarta-feira que já está em andamento um projeto cujo principal fruto será
aumentar a velocidade de carregamento das páginas da web nos celulares,
melhorando a experiência de navegação dos usuários. "Nosso objetivo é
reduzir o tempo de carregamento a zero", diz David Besbris vice-presidente
de engenharia da empresa. O resultado deve chegar às mãos dos usuários nos
próximos meses.
O projeto se
chama Accelerated Mobile Pages (AMP). Ele segue o modelo open source, ou seja,
não tem um dono. Ele é construído colaborativamente por empresas de tecnologia,
como Google e Twitter, e trinta companhias de comunicação, que também perdem
leitores quando suas páginas demoram a carregar. A Editora Abril, que publica
VEJA, faz parte do desenvolvimento do projeto Brasil. No exterior, há atores
como o jornal americano Washington Post e a rede britânica BBC.
O AMP se apoia
em uma reengenharia digital. Hoje, quando o usuário clica em um link para ler
um artigo ou assistir a um vídeo em seu celular, um pacote de software é
baixado da rede para permitir que a página desejada seja vista adequadamente:
textos, fotos, vídeos, anúncios e demais elementos são dispostos da maneira
prevista. "Essas aplicações têm entre 2MB e 10MB. Consomem muito do pacote
de dados do usuário e impõem lentidão ao carregamento das páginas", diz
Besbris. "Diante desse incômodo, pensamos: e se o usuário não precisasse
baixar a aplicação cada vez que clica em um link?"
A arquitetura
por trás do AMP prevê que as páginas sejam publicadas com uma nova estrutura,
mais enxuta, e que a aplicação que dá vida a elas na tela do celular seja
baixada uma única vez. O objetivo é reduzir em dez ou vinte vezes o tamanho dos
arquivos. "Isso permitirá o carregamento instantâneo." Além da força
de sua engenharia, o Google vai colocar infraestrutura à disposição do projeto
- e, portanto, dos produtores de conteúdo.
O gigante vai armazenar as páginas
leves, criadas no formato AMP, e distribuí-las na web, se necessário. Os
conteúdos originais, contudo, seguem nos domínios de seus proprietários.
Com o AMP, o
Google leva adiante aquela que é talvez sua principal missão declarada:
"Organizar a informação do mundo e torná-la acessível", diz Richard
Gingras, chefe de notícias e produtos sociais do Google. "Hoje, a internet
pelo celular não atende às expectativas dos usuários. Isso precisa ser
corrigido".
Aumentar a
acessibilidade é também uma forma de contra-atacar o arquirrival Facebook. Com
o projeto Instant Article, que já opera nos Estados Unidos e Europa, a rede
social oferece uma via rápida para conteúdos de empresas parceiras, que em tese
são acessados de forma instantânea a partir da timeline dos usuários. Nada de
sair da rede. É isso também que quer o Google: atrair usuários para fora do
universo do Facebook.
Fonte: Rede Cidade Digital / Veja